segunda-feira, 20 de setembro de 2010

O assustador “mesmo”

Todo mundo já deve ter lido o aviso: “Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo encontra-se parado neste andar”.
No lugar de nomes e pronomes, é indevido o uso da palavra “mesmo”, que pertence a diversas categorias gramaticais. “Mesmo” é correto quando usado nas seguintes situações:
1) como adjetivo/pronome (portanto variável), equivalente a “exato, idêntico, próprio, tal qual, em pessoa”. Exemplos:
- Sempre fui a mesma pessoa.
- Eles enfrentam os mesmos problemas.
- Eles mesmos confessaram o crime.
2) como advérbio (portanto invariável), significando “justamente, até, realmente”. Exemplos:
- Ela é mesmo muito bonita.
- Você mora aqui mesmo?
3) como conjunção concessiva, com o sentido de “apesar de, embora”. Exemplos:
- Mesmo te amando, vou embora.
- Eu não iria, mesmo querendo.
4) como substantivo (invariável, somente no masculino), com o significado de “a mesma coisa”. Exemplos:
- Infelizmente, ela fez o mesmo comigo.
- Ferir é o mesmo que machucar.
Na frase da primeira linha do post, o mais adequado é usar o pronome pessoal. “Antes de entrar no elevador, verifique se ele se encontra parado neste andar”, porque “o mesmo” não pode substituir um substantivo. Não convém escrever desta forma:
- Não consegui usar o telefone, porque o mesmo está quebrado. (correto: “Não consegui usar o telefone, porque [ele] está quebrado.”)
- Ontem encontrei Maria e convidei a mesma para almoçar. (correto: “Ontem encontrei Maria e a convidei para almoçar.”)
Na situação nº 4, “mesmo” funciona como substantivo, mas significando “a mesma coisa”; portanto, o uso é adequado. O problema é quando substitui um pronome (ele, ela, lhe, o/a) ou um nome. Perceba a diferença e evite o uso indevido.

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